Elas entraram no mercado de trabalho para mudar os negócios. Dados do IBGE mostram que em seis anos houve um crescimento de 19% na participação da mulher neste meio. Hoje elas já representam 45% da população ocupada das cinco regiões metropolitanas pesquisadas pelo instituto. As mulheres são também maioria quando o assunto é empreendedorismo. A Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2008) mostra que em 2007 e 2008 as brasileiras abriram mais empresas do que os homens. Das 14,6 milhões de pessoas que realizam atividades empreendedoras no País, mais da metade – o equivalente a 52% – é mulher. Com a maior participação feminina, o Brasil conquistou espaço no cenário mundial e é considerado, segundo o estudo, o 13º país mais empreendedor do mundo.
A opção das mulheres por empreender está relacionada a um novo estilo de vida. Elas desejam independência financeira, horários de trabalho mais flexíveis e um modelo corporativo mais dinâmico. Para Marlene Ortega, conselheira do Business Professional Women (BPW) – associação que congrega mulheres de negócios em todo o mundo – e sócia-diretora do Universo Qualidade, empresa especializada em treinamentos, a mulher de hoje quer montar o seu próprio negócio e dar a ele o tom moldado por seus valores. “Acredito que as mulheres estão empreendendo melhor a própria vida, e quando entram no mercado de trabalho e se deparam com um ambiente corporativo masculino muito competitivo, elas deixam para trás a pressão para investir em negócios próprios”.
Para Marlene, as mulheres costumam mudar também a gestão dos negócios. Isso porque elas são mais flexíveis e preocupadas com o meio ambiente e as pessoas que estão ao seu redor. “Nós queremos qualidade de vida, saúde, queremos ser capazes de conciliar as coisas e não competir o tempo todo”. Ela explica que na hora de montar a própria empresa a mulher se preocupa mais em saber quais são as dificuldades e as facilidades que vai encontrar e, assim, é mais cautelosa e cooperativa. “Seu objetivo costuma ser sempre agregar valor social ao produto ou serviço que ela vende. Dessa forma, ela costuma pensar mais em gerar bens para outros, pensar na sociedade, nos filhos e em outras mulheres”, afirma.
O aumento nos anos de estudo – desde 2001 elas são também maioria nas universidades – tem proporcionado às mulheres conquistar espaços antes dominados por homens em profissões que requerem alta especialização, como o de inovação e tecnologia. A bióloga Fabiana Medeiros, por exemplo, transformou sua pesquisa de mestrado e doutorado em desenvolvimento de ensaios pré-clínicos in vitro em negócio no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) de São Paulo. Depois de dar aula na Universidade Federal de Uberlândia, ela investiu na sua área e montou o laboratório pré-clínico Biosintesis em 2003. O empreendimento ficou até 2005 em um processo de pré-incubação, depois mais três anos como residente na incubadora e hoje é uma empresa graduada especializada na prestação de serviços de avaliação biológica in vitro, cultura de células e tecidos. “Acho que a empresa nem teria existido sem a incubação. Todo o processo de criação, desde a mobilização até mostrar que esse era um negócio viável, só foi possível com o auxílio da incubadora”, afirma .
Quando começou, Fabiana conta que havia poucas mulheres à frente de empresas na Cietec. “A incubadora tinha cerca de 120 empresas quando eu entrei. Dessas, apenas 10% eram de mulheres, hoje aumentou bastante”. A empresária conta que cresceu também o número de mulheres com especialização nesse setor. Ela afirma que, quando faz seleção para novos funcionários, geralmente são as mulheres as mais interessadas e preparadas para a vaga. Mesmo afirmando não ter preferência por trabalhadores homens ou mulheres, ela diz que contrata mais a mão de obra feminina. “Nesse trabalho de ensaio laboratorial é preciso estar atento aos detalhes, e eu acho que a mulher é mais detalhista, tem mais paciência e organiza melhor o seu tempo de trabalho”, explica.
Incit
Em Minas Gerais, Geanete Morais, gerente de Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (Incit), também tem percebido a maior participação feminina em incubadoras tecnológicas. “De 2006 para cá eu percebi um aumento de cerca de 70% na procura de mulheres por empreender na incubadora.” Hoje, duas empresas incubadas são chefiadas por mulheres. No acompanhamento do trabalho delas, Geanete considera que a mulher é mais dinâmica e proativa. “Elas são muito cautelosas para ações, mas são dinâmicas nas atitudes.”
Dados da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) mostram que as mulheres representam 48% dos trabalhadores que ocupam cargos de chefia em incubadoras e parques tecnológicos e 13% dos cargos administrativos. É o caso de Geanete. Funcionária pública durante 26 anos, mudou sua vida depois que foi convidada para participar da criação do Programa Municipal de Incubação Avançada de Empresas de Base Tecnológica (Prointec) na cidade de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais. A documentação da incubadora ficou pronta em agosto de 1999, e em novembro do mesmo ano dez empresas já estavam incubadas. Em quatro anos de funcionamento, a Prointec foi eleita a melhor incubadora de base tecnológica do País pela Anprotec. O trabalho da prefeitura e de Geanete foi ainda reconhecido pelo prêmio Prefeito Empreendedor, em 2001, pelo Sebrae.
Fonte : RMI – Rede Mineira de Inovação
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